Relatório de Memória de Massa: Como Interpretar os Dados do Medidor da Concessionária Landis+Gyr
A leitura correta do relatório de memória de massa é uma habilidade essencial para qualquer engenheiro eletricista que deseja atuar com consultoria energética profissional. Em muitas regiões do Brasil, especialmente para consumidores do Grupo A (média tensão), concessionárias como a Energisa utilizam medidores eletrônicos da fabricante Landis+Gyr para registrar o perfil de carga de clientes. Mas apesar do acesso a esses relatórios ser um direito do consumidor, entender o que cada campo significa ainda é um desafio para a maioria.
Se você já teve acesso a um relatório com colunas como “C1”, “varIND”, “DCR” e “UFER”, mas não soube o que fazer com isso, este artigo vai te dar clareza. Vamos destrinchar cada campo do relatório, explicar seu impacto e mostrar como você pode usar esses dados em diagnósticos energéticos, prevenção de multas e consultorias de alto valor.
O Que é o Relatório de Memória de Massa?
Finalidade do Relatório
O relatório de memória de massa é um registro detalhado das medições horárias (ou a cada 15 minutos) feitas pelo medidor eletrônico. Ele registra, ao longo do mês, a potência ativa, reativa, o fator de potência, a demanda medida, o status tarifário e outros dados relevantes.
Quando o Cliente Recebe Esse Relatório?
Em geral, o relatório é fornecido mediante solicitação formal, contestação de fatura ou para auditorias energéticas. Consultores também usam esses dados para propor soluções de eficiência energética, gestão de modalidades tarifárias e correção do fator de potência.
Entendendo os Medidores Landis+Gyr
Características Técnicas Gerais
Os modelos da Landis+Gyr utilizados por concessionárias são medidores eletrônicos trifásicos com canais configuráveis, medição bidirecional (importação e exportação de energia) e compatíveis com softwares como o PAD Win.
Como Algumas Distribuidoras Configura os Canais de Medida
A distribuidora define canais padrões como:
- C1: energia ativa
- C2: energia reativa indutiva
- C3: energia reativa capacitiva
Essas definições podem variar de acordo com o contrato e perfil tarifário.
Significado de Cada Campo do Relatório de Memória de Massa
Importante: muitos valores aparecem em unidades básicas como W, Wh, VAR, VARh. Para interpretar corretamente, divida por 1000 para converter para kW, kWh, kVAR, kVARh.
Atenção: é fundamental observar na sua fatura de energia a Constante do Medidor (Constante k), que é um fator de multiplicação aplicado sobre os valores registrados pelo equipamento. Por exemplo, se a constante for 500, um valor de 10 Wh no canal C1 deve ser interpretado como 5000 Wh (ou 5 kWh).
Canais de Energia e Potência
- W – Potência ativa média do intervalo (em W). Divide-se por 1000 para obter kW.
- C1 – Energia ativa medida no intervalo (Wh). Divide-se por 1000 para kWh.
- varIND / C2 – Potência reativa indutiva média (W) e energia acumulada (VARh). Dividir por 1000 para obter valores em kvar e kvarh.
- varCAP / C3 – Potência reativa capacitiva média (W) e energia acumulada (VARh). Mesmo critério de conversão.
Indicadores Operacionais
- SH – Status Horário: identifica se o intervalo ocorreu em ponta (P) ou fora de ponta (F).
- SR – Status Reativo: mostra se o intervalo teve excesso de reativo indutivo (L) ou capacitivo (C).
- FPot. – Fator de potência instantâneo (ex: 0,94 ou 94%). Valores abaixo de 0,92 podem gerar cobrança de excedente.
- DCR – Demanda Corrigida Registrada: potência ativa corrigida pelo fator de potência. Utilizada para verificar ultrapassagens contratuais.
- UFER – Unidade de Faturamento de Energia Reativa Excedente: quantifica o excedente reativo para aplicação de penalidades.
Como Usar Esses Dados em Consultorias Elétricas
Verificação de Ultrapassagem de Demanda
Comparar o valor de W com a demanda contratada e observar DCR em intervalos de pico.
Análise de Fator de Potência e Penalidades
Com base em FPot., identificar horas em que o fator está abaixo de 0,92 e cruzar com SR e UFER.
Identificação de Excedente Reativo
Campos C2, C3 e UFER mostram quando há consumo reativo não compensado. Serve de base para propor correção do fator de potência através de banco de capacitores.
Como Se Capacitar para Atuar com Diagnóstico Energético Profissional
Interpretar relatórios como esse é o primeiro passo para atuar com consultorias em eficiência energética. Muitos engenheiros e técnicos perdem oportunidades por não dominarem essa análise. O mercado exige profissionais que saibam transformar dados em recomendações.
Conclusão
Dominar a leitura do relatório de memória de massa dos medidores eletrônicos utilizados pelas concessionárias é uma vantagem estratégica para quem quer atuar com consultoria elétrica. Cada campo do relatório fornece pistas valiosas sobre o comportamento energético da instalação.
Aprender a interpretar grandezas como W, C1, varIND e UFER permite:
- Identificar ultrapassagens de demanda
- Apontar ineficiências no uso de energia reativa
- Elaborar planos de ação técnico-comerciais para seus clientes
E é exatamente isso que o mercado espera de um consultor de alto valor.
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